INTELECTO DA CACA

Paulo Tavares. Desempregado. Licenciado. Frustrado com a vida. Alguém com demasiado tempo livre

sexta-feira, agosto 18, 2006

... Back.

Até quando não sei. Primeiramente a resolução do que me assusta e intimida. E depois certamente a debandada. Estes dias "a solo" foram extremamente positivos, no meio do negrume que me circunda. Nunca esperei dizer isto, mas foi a luz nortenha que me guiou, que me seduziu em busca do desconhecido, do inolvidável, sei-lo agora.
Até qualquer dia. Estou em paz com os meus demónios. Paz de papel, bem o sei.

segunda-feira, agosto 14, 2006

Soundtrack Of My Journey...

Or The Journey Of My Soundtrack. Já estão escolhidos os dois àlbuns que me acompanharão durante a minha viagem estouvada e totalmente egocêntrica (estou farto de dar aos outros o que quero também para mim): "Venner", de Jose Gonzalez e "Through The Window Pane" dos Guillemots. Não por alguma razão especial, simplesmente porque quero. Estou sem vontade de justificar o que quer que seja. Quero ouvi-los até enjoar, até não poder encarar estas músicas, até desejar que desapareçam de vez da minha vida. Todos os meus malefícios, desejos por cumprir, sonhos impossíveis estarão personificados nestas obras. Encará-los uma última vez. Para depois poder viver e deixar viver. Exorcismo musical, se quiserem. Fechar nas letras do primeiro amores não realizados. Encerrar nas melodias do segundo tudo aquilo para o que não fui talhado.


I will smile again.

quarta-feira, agosto 09, 2006

A ânsia de nunca mais poder

Não posso, estado inalterável do mundo que me ausculta
Imutação, engrenagem corroída do todo presente em mim
Inconformismo em relação ao sal da vida que não poupei e não dei valor
Pois tudo é amargo, cinzento, cheio de artimanhas com a doçura do engano.
Paralelismo de vida que tenta instruir-se aquando da formação do que se supõe
Certeza de nada, é mais do que algo supérfluo de que usufruímos sem dar conta
Mas quem é vida, se o passado me consome, e me rasga as entranhas sem pena ou perdão.
Não irás vencer, nem derrotado serás, pois vais limitar-te a ser algo, não alguém
Que quer mas não tem, que sonha mas não sente
Que se idealiza de uma forma agradável... e maliciosa.

Lua (Tu)...

Não faz sentido a lua, ameaçadora e instável
Não faz sentido o sol, exuberante e preconceituoso
Não faz sentido tudo o que fiz em ti e por ti
Não faz sentido o nada que me dás
E que eu vou retribuir
Tudo ou nada, perdendo até o sol por que me guio
E também pela lua que te aconselha...
E me mata... dia após hora após minuto após sempre.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Salão de Baile

Observo a vida enquanto descanso à sombra da àrvore do enforcado. Daqui vejo-me a entregar-me a danças para as quais não tenho ritmo e danço. Neste baile ninguém tem pernas, mas os seus corpos entregam-se ao frenesim demente e decadente. Bailarinos inconscientes, rodam à volta do alçapão onde, ao caírem, encontram aquilo que sempre procuraram sem saber...
E as térmitas vão devorando o salão...

Os corpos suados roçam-se lascivamente, entregam-se a comportamentos adúlteros e indecentes enquanto flutuam em partes de ar onde outrora existiram as suas pernas. E a dança continua ao som da deliciosa música provocada pela trovoada, mesmo sem os pés tocarem no chão.
Entretanto as térmitas devoram o salão...

Um a um entregam-se à escuridão e à medida que caem no alçapão, onde incubam sonhos que nunca atingirão. Levam consigo sorrisos amarelos na cara do cadáver que tarde demais abre os olhos para a vida, fechando-os a sete chaves no caixão.
Vão sobrando as térmitas a devorar o salão...

E salta o pó no último trovão musical! Acaba-se a música, acaba-se a dança, acaba-se a vida! Desaba o salão, agora no estômago das térmitas, que lentamente é sugado para o alçapão com violência.
Agarro-me à única pessoa com pernas neste baile, que pende sobre mim com uma corda ao pescoço, e evito ser sugado.

Dás-me um pouco da tua corda?

Ficam as térmitas, ficam os enforcados, acabou-se o salão...

Acaba-se a música, acaba-se a dança, acaba-se a vida...

... Já não se houve o trovão!

BY: Ricardo "The Sarge" Mouro